Coroas de flores em homenagem a Consuelo não paravam de chegar, assim como era intenso o movimento de pessoas na Capela H do Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas
Yuri Abreu | 16/05/2015 - 08:44
Foi com muita emoção e lágrimas que parentes, amigos e admiradores deram o último adeus a historiadora, Consuelo Pondé de Sena, que morreu aos 81 anos na manhã da última quinta-feira, após duas semanas internada no Hospital Português, em Salvador, por conta de complicações decorrentes de uma pneumonia.
Coroas de flores em homenagem a Consuelo não paravam de chegar, assim como era intenso o movimento de pessoas na Capela H do Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, onde foi realizada uma missa, presidida por Dom Emanuel D’Able do Amaral. Após o ato, foi realizada uma cerimônia de cremação.
Durante o culto, Dom Emanuel enalteceu que Consuelo foi uma mulher que fez a diferença na vida de muitas pessoas e que sempre falava o que pensava. Além disso, enalteceu o fato de a historiadora ser uma pessoa de muito carisma, alegria, espontaneidade e que deixa, como legado, muito amor e afeto. A sua perda, segundo o Arquiabade, deixa a Bahia mais triste.
“Ela fez uma grande diferença como mulher que atuou na área da história e da cultura. É uma pessoa que em todos os momentos se dedicou ao Instituto Histórico e Geográfico da Bahia e teve participação fundamental na Academia de Letras da Bahia. Além disso, sempre protegeu os valores culturais e históricos do estado, lutando para manter as verdadeiras tradições da Bahia. Esse é o legado mais importante que ela pode nos deixar”, destacou.
Autoridades também estiveram presentes à missa e disseram que Consuelo será uma pessoa que vai deixar uma enorme lacuna no cenário cultural e histórico da Bahia. “Ela foi uma figura, sem dúvida, extraordinária. Acho que, de um modo geral, o grande público e a sociedade baiana não tem o reconhecimento do valor devido dela. Ela, que sempre se empenhou em organizar as festas do 2 de Julho, fará muita falta, já que ela, particularmente, vivia essa data”, comentou o ex-prefeito de Salvador e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Manoel Castro.
“Dizem que o cemitério está cheio de pessoas insubstituíveis. Mas, eu creio que Consuelo é a exceção para confirmar essa regra. Ela vai fazer uma falta enorme pela sua competência, dedicação e amor à nossa história”, relatou o Deputado Federal, Sérgio Barradas Carneiro. “Será uma lacuna muito difícil de ser preenchida, afinal ela defendia os interesses da Bahia como ninguém. Era de um vigor e de uma coragem para defender seus ideais. Sem dúvida, a sua grande trincheira foi o Instituto Geográfico que ela reergueu moral e fisicamente”, pontuou o professor Emérito da UFBA, Edivaldo Boaventura.
Lembrança dos bons momentos
Os filhos, sobrinhos e netos que acompanharam a missa de despedida da historiadora se emocionaram em vários momentos durante a solenidade. Amparados por amigos e admiradores de Consuelo Pondé, eles agradeceram o apoio dos presentes e destacaram que, além do legado, ela deixa somente boas lembranças.
“Nós perdemos parte da história. Afinal, minha tia sempre foi uma pessoa que lutou pela memória e pela cultura. Era sempre a estrela das nossas festas de família, falava o que pensava, era muito ativa. A imagem que vai me marcar pra sempre dela é de uma festa em que ninguém queria dançar e ela levantou e chamava a todos para participar daquele momento. Sem dúvida é uma pessoa muito especial, de muita personalidade. Digo que ela é a Maria Quitéria da nossa cultura”, enalteceu o músico, Pedro Pondé, que é sobrinho de Consuelo.
A historiadora, que já fez parte do Conselho Consultivo da Associação Baiana de Imprensa (ABI) e foi colunista do jornal Tribuna da Bahia – teve seu último texto publicado no dia 26 de abril –, também recebeu homenagens por parte do presidente do jornal e da ABI, Walter Pinheiro. “A importância de Consuelo é imensurável por que ela efetivamente foi uma mulher que veio, viu e venceu. Sempre mostrou ser uma mulher intrépida, corajosa, valente, decidida. Seja na imprensa, seja na cultura, na defesa da história da Bahia, ela deixou, realmente, um legado espetacular, sem contar que ela brigava bastante pela manutenção do Instituto Geográfico e Histórico”, considerou.
